Reforma Tributária e o novo desafio da precificação de serviços a partir de 2026

O cenário que se aproxima

A partir de janeiro de 2026, entra em vigor a nova sistemática tributária sobre o consumo, com a substituição dos tributos atuais por IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). Para empresas prestadoras de serviços — como advocacia, contabilidade, arquitetura, consultoria — essa mudança vai além de simples adaptação fiscal: afeta diretamente como cobrar seus honorários e como estruturar o negócio para sobreviver à nova carga tributária.

Readequação da precificação: por que é urgente

Atualmente, muitos serviços já incorporam encargos como PIS/Cofins e ISS. Por exemplo: um serviço de R$ 1.000,00 sujeito a 6,65% de carga tributária gera líquido de cerca de R$ 933,50 para quem presta.

Com o sistema IBS/CBS, esse mesmo serviço poderá sofrer uma cobrança efetiva em torno de 19,6%, considerando alíquota padrão de 28% com redução de 30% (art. 127 da LC 214/2025). Ou seja, o cliente poderá ver:

• Honorário líquido (prestador): R$ 933,50

• Tributos somados: R$ 182,96

• Total da nota: R$ 1.116,46

Se o prestador não ajustar sua política de preços, acabará absorvendo parte da carga tributária e corroendo sua margem sem perceber.

Impactos por regime tributário

Simples Nacional

• Será possível comercializar créditos de IBS/CBS, algo inédito.

• Também será aplicado o mecanismo de split payment: parte do tributo retido automaticamente e o valor líquido direto para o prestador.

Lucro Presumido / Lucro Real

• Obrigações acessórias mais intensas e fiscalizações mais severas.

• Permissão para crédito de IBS/CBS sobre despesas operacionais (internet, limpeza, terceirização etc.), embora o efeito líquido possa ser modesto frente à elevação de alíquotas.

Atualmente, escritórios tributados em Lucro Presumido têm alíquotas nominais que variam entre 5,65% e 8,65%, enquanto no Lucro Real estão entre 11,65% e 14,65%.

Simulações e estratégias para 2026

1. Simular cenários tributários (vários níveis de faturamento) para estimar impacto nos honorários.

2. Reformular propostas comerciais com repasse claro dos tributos.

3. Reorganizar estrutura societária, considerando holdings ou sociedades de prestação que otimizem crédito e governança.

4. Criar “travas” operacionais no ERP para alertar ao prestador antes de ultrapassar faixas mais agressivas de tributação.

5. Integração entre departamentos financeiro, contábil e comercial para decisões que considerem o novo regime.

Conclusão

A reforma tributária sobre o consumo vai transformar a forma como os serviços são precificados no Brasil. O IBS/CBS impõe uma nova realidade de carga tributária maior, exigindo dos prestadores uma revisão estratégica de precificação, governança e operacionalização.

Empresas e profissionais que se anteciparem, investirem em tecnologia e estruturarem seu modelo de negócio podem converter esse momento de transição em oportunidade de diferenciação e sustentabilidade.

Na Barreto Contabilidade, já estamos preparando simuladores e estratégias de adaptação para clientes do setor de serviços.

Quer que uma simulação para o seu tipo de serviço para 2026? Estamos à disposição.